Um blog in natura

Amigo Leitor, este blog é escrito ipse litere sem revisão gramatical e de sintaxe. O objetivo de meu blog é escrever in natura, na medida na qual desenvolvo o pensamento, o meu insight primeiro. Após escrever realizo a postagem imediata e não releio mais o artigo e só acesso o blog para a próxima postagem. O Blog é um "diário" e não seria esta a filosofia de um diário? Por este motivo há diferenças, acentuadas, nas versões do artigos aqui postados e os mesmos na Mídia. Aqui não há revisão seja gramatical ou ideológica. Sugiro desta maneira que se detenha no desenvolvimento da linha do pensamento exposto. Comente, debata e opine! Idéias se combatem com Idéias melhores......

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Pecado Leve, levissimo!

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"Num mea culpa" devo confessar que tenho por hábito ler diariamente as atualizações do Blog do Senador Socialista Cristovam Buarque, e na verdade, como bom Cristão, devo confessar que me custa perdoar a sua equipe por não disponibilizar em áudio esses sapienciais discursos, como este que reproduzo abaixo:

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''As oito marcas de Antônio Carlos Magalhães'' -
discurso feito no dia 08/08/2007

Sr. Presidente Senador Renan Calheiros, Srª Arlete Magalhães, Senador Antonio Carlos Magalhães Júnior, Deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, Por intermédio dos quais cumprimento todos da família, tivemos até aqui grandes homenagens a um grande político, mas a políticos a gente pode prestar homenagem quase todos os dias. Raramente a gente tem chance de prestar homenagem a um líder, e o ACM foi muito mais que um político, o ACM foi um líder. A diferença é que os políticos ganham eleições, mas os líderes deixam marcas e usam até as eleições como forma de deixar marcas. Eu quero aqui lembrar apenas oito marcas que, a meu ver, o ACM deixou para pessoas da minha geração e, de uma maneira muito especial, para mim. Oito marcas que é um número que vi, mas que, de certa maneira, coincide com cada uma das décadas que ele viveu. A primeira é a marca do ACM a mim como jovem pernambucano quando ele era um político forte ao lado do movimento militar, e eu era um jovem militante de Esquerda. Aquela marca que ele deixou é a marca do homem forte, que estava do lado contrário daquele que eu lutava. É uma marca, sem dúvida alguma. A segunda marca é a marca do administrador. Não demorei muito a crescer e ver que aquele ACM de quem eu discordava do ponto de vista político era alguém que estava transformando o Estado da Bahia; que tinha competência tantas vezes aqui relacionada e falada de reunir-se a pessoas competentes e, por intermédio dessas pessoas, mudar o seu Estado. A terceira marca, Senador Mão Santa, é a marca do ACM no momento da redemocratização em que eu, junto com Tancredo, naquela luta, vi a importância da mudança dele quando assumiu que chegara o momento de o Brasil retomar os caminhos da democracia. Essa é uma marca fundamental. A marca do gesto de mudar, de assumir, e o gesto dos discursos enfáticos que fez na hora certa. A quarta marca é a da ajuda que recebi de Antonio Carlos Magalhães quando fui Governador do Distrito Federal. Quando eu tinha algumas dificuldades para receber recursos, quando eu tinha algumas dificuldades para encaminhar algumas das nossas ações, uma das pessoas a quem recorria era ACM. E nunca deixei de receber, poucos minutos depois, a resposta dele dizendo o que tinha feito para conseguir me ajudar e, portanto, ajudar o Distrito Federal. Essa é uma marca que não podemos esquecer. A outra marca é a de que tantos falaram aqui, porque talvez é a que mais ficará: a marca do ACM no Fundo para Erradicação da Pobreza. Participei com ele. Estive na comissão da pobreza que ele criou. Apresentei propostas naquela Comissão. Vi quando ele agarrou aquelas idéias. Essa é uma marca que ficará dele. A marca da comissão para entender o problema da pobreza e lutar contra ela. A outra marca é a da competência de transformar o relatório daquela comissão em documento, que mudou a Constituição, que fez criar o Fundo para Erradicação da Pobreza e, daí, vir a serem executados projetos que, sem aquilo, não teriam sido executados. Antonio Carlos Magalhães – é preciso repetir quantas vezes forem necessárias – no seu gesto competente, sério, de criar o Fundo para Erradicação da Pobreza está por trás dos movimentos de transferência de renda, dos projetos que o Brasil hoje têm apresentado ao mundo inteiro. A sétima marca é a da minha convivência com ele aqui nesses anos – três anos no Senado. A convivência com um homem de uma simpatia que só quem se aproximava dele percebia; de quem chegava aqui e nos dava conselho quando pedíamos, do contrário, ele não dava; que falava da história e nos contava tantas coisas que viveu e tantas esperanças que tinha. Essas foram as sete marcas que tive do Antonio Carlos Magalhães como Líder. A oitava é a marca da ausência. É muito comum aqui qualquer um de nós, quando deixar esta Casa, quando morrer, deixar saudades. Isso aqui é um clube de amigos, e a gente deixa saudade quando se vai. Mas ausência poucos deixam, porque a ausência é algo mais que a saudade. Saudade é uma lembrança, e ausência é a falta de saber direito como vai ser o lugar em que a gente está sem aquela figura ali por perto. E o ACM deixa ausência e não apenas saudade. Deixa ausência em nós que convivíamos com ele e vai deixar uma ausência no Brasil pela competência como ele conduzia o processo político brasileiro. Na Oposição, quando era preciso, vai deixar ausência, sim, mas também no diálogo com o Governo, como conversava há pouco com o Senador José Sarney. O Governo vai sentir falta de Antonio Carlos Magalhães não apenas pelo que ele dizia para evitar erros, mas, sobretudo, pela existência de um interlocutor, que é algo que está faltando aqui. Com o Presidente José Sarney falávamos – e o primeiro a me dizer isso foi José Sarney e depois Antonio Carlos Magalhães – da necessidade do colégio de cardeais que o Senado tinha e que, quando havia dificuldades, se reunia, encontrava o caminho e dava orientações a serem usadas por nós. ACM é um dos cardeais que nos deixou. E estamos muito carentes de cardeais. E, quando eles saem, essa carência se transforma numa grande ausência. Talvez esta seja a maior das marcas que ele deixa neste momento, não é a maior que ele deixa na história, mas é a maior que ele deixa neste momento: a marca da ausência nesta Casa. Por isso, vim aqui reverenciá-lo e agradecer, agradecer essas oito marcas que ele me deixou como brasileiro, nordestino, contemporâneo dele. (Palmas.)


Escrito por: Gabriel Reis - gabriel.reis@senado.gov.br
postado em www.cristovam.com.br/discursos.html

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